13.4.12

HOMENAGEM A TUPARETAMA NO SEU CINQUENTENÁRIO- Texto da Professora Chiquinha Rafael

NADA DO QUE FOI SERÁ
Francisca Rafael


Foi em 62, no dia 11 de abril que finalmente começaste a fazer parte da História. Bom Jesus, Tuparetama. Foste crescendo e teu povo com muito zelo cuidando de ti e, a cada ano, ias mudando o visual, “ao contrário de nós”, que com o tempo recebemos as marcas desagradáveis dos anos, já tu Tuparetama foste te tornando ainda mais bela.

          Como MÃE abrigaste teus filhos, porém acolheste também com o mesmo amor os que se achegaram a ti, como eu, que me tornei tuparetamense aos 13 anos. Interessante... crescemos juntas, razão pela qual guardo tantas lembranças de ti.

          Momentos antes de escrever este texto, cenas do passado foram surgindo em minha mente, umas mais nítidas, outras menos. Ei-las:

          Lembro-me das rodas de amigos nas noites enluaradas, as românticas serestas que nos despertavam, a difusora de Severino Souto bradando a AVE MARIA às 18 horas, sequenciada com uma programação musical de dar inveja. Quem não lembra das músicas “A casa de Irene” e “Amélia”? Da voz de Nélson Gonçalves e de outros cantores famosos à época, que tocavam o coração dos apaixonados, ou não...?

         E por que não falar dos carnavais de rua, dos mela-mela, do Bloco de Zé Pretão... ah! A Orquestra “Os Sete de Ouro” de Souto, as festas no Pajeú Clube ao som do “Conjunto” Marajoara de Sertânia e da OARA com seu grande Caranguejo cantando e nos encantando...

          E lembro das quadrilhas juninas de Severino Souto e Nêgo Santana, dos desfiles de 7 de Setembro... ah, quanto recordo das cheias do Rio Pajeú alagando a parte mais baixa da rua, da canoa de Jota Simão, das vaquejadas na beira da pista – onde hoje está construído o Posto Pajeú. A bodega de Seu Albertino, o Bar de Zezinho ou Biu e Irene... e a iluminação?! Era a motor, lembra? Quando dava o “sinal” era nos alertando que deveríamos nos recolher pois as luzes seriam apagadas...

          Aí vem à mente as figuras folclóricas que me marcaram: Faísca, Zé Gago, Zé Muria, Antõi Cara-véia, Chico Bacurim, Chica Doida, João Sarinha, Tonheira, Bonim, João Chulé... Permitam-me aqui falar de duas pessoas que considero importantes: Meu amigo Antônio Lira, figura sempre presente e solidária em todos os velórios da cidade e Seu Pedro Cadé... assim como eles, tanta gente boa que já se foi...

         Tuparetama, desculpa-me por ter de admitir que muitos dos teus filhos te chamam de “mãe ingrata”, não por seres má, mas porque muitos deles tiveram que sair para outros lugares em busca da sobrevivência. No entanto os que podem sempre voltam a ti para rever os familiares e amigos e, por que não, matar as saudades aproveitando as festas do Padroeiro, festas juninas, final de ano... mas há também aqueles que até te esquecem e não querem mais vir, sofreram algumas decepções, já outros não têm condições de retornar, por falta de dinheiro ou saúde, são nossos eternos exilados.

        Orgulho e Amor é o que sinto de ti, terra acolhedora e aconchegante. Termino com uma estrofe da poeta Rafaelzinha:

Quem quiser sentir saudade
Faça do jeito que eu fiz
Deixe o torrão natal
Sem querer como eu não quis
Saia por necessidade
Que depois você me diz.


Francisca Rafael, natural de Iguaracy, reside em Tuparetama desde 1968. Possui especialização em Língua Portuguesa e Literatura. Aposentada da Secretaria Estadual de Educação. Foi Supervisora de Educação do município, Educadora de Apoio, Coordenadora do PROFA, Diretora adjunto e Coordenadora do Programa Alfabetizar com Sucesso da Escola Ernesto de Souza Leite.


Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...